quinta-feira, 1 de maio de 2008

[Opinião] Sexo, Drogas e... Matemática

Encontrei um "interessante" artigo no New York Times sobre sexualidade (The Myth, the Math, the Sex). No mesmo, o autor refere que "pesquisadores britânicos" levantaram que, em média, os homens ingleses declaram terem tido 12,7 parceiros heterosexuais durante a vida, enquanto as mulheres apenas 6,5.

Tal estatística vai de acordo com a noção estereótipada que os homens são mais promícuos, pois procuram ter o máximo de parceiras para disseminar seus genes, enquanto as mulheres são mais reclusas pois o alto investimento da maternidade faz mais adequado ter um parceiro fixo, que ajude a criar a prole...

Ou seja, os velhos papeis do "garanhão" e da "moça de família". Correto?

Errado! Se as amostras foram representativas na mesma população e as relações são heterosexuais (i.e. um homem e uma mulher), então devem existir 12,7/6,5 = 1,95 mulheres para cada homem. Como a probabilidade de nascimento é de 50% para cada sexo, a conta não fecha!



Matematicamete, o número médio de parceiros heterosexuais durante a vida deve ser o mesmo para ambos o sexos!



Logo, a pesquisa está errada! (e o mito da recatada retração sexual feminina derrubado!)

Verdade seja dita, não consegui encontrar a tal pesquisa britânica referida no artigo! Como não há nenhuma referência além de "pesquisadores ingleses" (sabe-se lá o que quer dizer isso...), desconfiei da fidelidade desses dados...

Porém, antes de queimar de vez a Impresa pela falta de coerência em prover rastreabilidade das informações, encontrei o artigo FRYAR,C.D. et al., "Drug use and sexual behaviors reported by adults: United States, 1999-2002", Adv Data, v.384, n. 23, p.1-14, 2007. Neste último artigo, os homens americanos declaram terem tido 7 parceiros heterosexuais durante a vida, enquanto as mulheres apenas 4. Dessa forma, deveriam existir 7/4= 1,75 mulheres para cada homem. Por sua vez, este resultado rastreável converge com a tal "pesquisa britânica"! Assim, realmente existe algo de muito errado!

No artigo no New York Times, o doutor Fryar se defende dizendo que os homens podem ter tido relações sexuais fora do país (e.g. em viagens) ou com prostitutas (que não entraram na amostra). Ou ainda, logicamente, que os homens notoriamente super-estimam o número de parceiras enquanto as mulheres notoriamente sub-estimam! Pessoalmente, acho esta última hipótese muito mais plausível!!!

Mas nem tudo está perdido! Também encontrei este excelente artigo Gómez-Gardeñes, J., et al. "Spreading of sexually transmitted diseases in heterosexual populations", PNAS, v. 105, n.5, p.1399-1404, 2008, que apresenta distribuições similares para as distribuições de parceiros ao longo da vida entre homens e mulheres (inclusive para Suécia, Reino Unido e Zimbabue, e com resultados semelhantes nos três países!!!). Ou seja, é possível fazer esta pesquisa com resultados coerentes!

Dai levanto as seguintes hipóteses para a distroção de FRYAR et al. (2007):
  • A amostra da população não foi adequada.
  • Não houve um treinamento prévio dos entrevistados sobre a definição de um "parceiro sexual" (e.g. um parceiro de um único intercurso ou um namorado estável a mais de um ano...).
  • Os americanos mentem muito... hehehehehe...
Ademais, estatisticamente, sua namorada teve o mesmo número de parceiros que você... Podes crer! :D

2 comentários:

Simone disse...

É claro q vcs homens são mais garanhões q nos inofensivas mulheres!!!rsrrsrs e eu entrei apenas para olhar a pagina q quero terminar de ler!!!

Jorge Albuquerque disse...

Até parece, princesa...

Quem não conhece que te compre... :D Te amo!